Nossas vidas e nossa personalidade se desenvolvem em torno de um conjunto de relações: físicas, emocionais, sociais. Apesar disso, quando falamos de saúde, muitas pessoas esquecem dos fatores psicológicos e atentam apenas para os problemas físicos/biológicos. É comum pressupor uma divisão entre o que é do corpo e o que é da mente, como se estes aspectos fossem independentes um do outro. Assim, muitas pessoas deixam de investir no cuidado à saúde mental.
Filósofos existencialistas como Jean-Paul Sartre (1905 a 1980) mostram que somos seres integrados e que não é possível separar a mente do corpo. Estes dois fazem parte da mesma unidade. Se influenciam e dependem um do outro.
“ A mente não é separada do corpo. Todas as complicações psicológicas acontecem na relação com o mundo. Depois que vivemos a situação, que ela cai no passado, é que refletimos sobre o ocorrido levando em conta as racionalidades religiosas, familiares, culturais e etc… É nesta etapa do processo que podem ocorrer algumas dificuldades ditas psicológicas.” – Eliane Regina Ternes Torres, Psicóloga (CRP 12/02711).
“As complicações psicológicas podem se manifestar através da ansiedade, de tensões e depressão. Ou seja, mesmo a chamada “doença mental” possui componentes biológicos ou físicos, como aceleração do coração, perda de apetite, insônia e alterações hormonais.” – Fabíola Langaro, Psicóloga (CRP 12/0799).
“O termo saúde mental pode reforçar a noção de divisão entre corpo e mente. Neste sentido, o termo saúde psicológica nos parece mais interessante e mais alinhado com as teorias atuais, que consideram estes dois aspectos inter-relacionados”. – Andrea Hellena dos Santos, Psicóloga (CRP 12/8762).
A campanha Janeiro Branco, objetiva colocar os temas da saúde mental e psicológica em evidência, visando destacar a importância da prevenção e do cuidado com as complicações psicológicas e a psicoterapia como uma forma de cuidado à saúde. Abaixo, nós mostraremos como.
Saúde mental: um exercício diário
Tão importante quanto cuidar do nosso bem estar físico, é cuidar da nossa saúde mental. Refletir sobre o sentido e o propósito de nossas vidas, da qualidade dos nossos relacionamentos e sobre o quanto conhecemos sobre nós mesmos, nossos comportamentos e emoções.
A campanha Janeiro Branco aproveita a simbologia do início de um novo ano para estimular as pessoas a fazerem esse exercício. A reflexão pode ser feita diariamente, para o amplo desenvolvimento como pessoas e para a prevenção de possíveis complicações psicológicas.
Complicações psicológicas
As complicações psicológicas surgem como consequência do nosso movimento no mundo, na vida. São provenientes das nossas relações e de dificuldades que vivenciamos enquanto estamos buscando realizar nosso ser. Por isso, elas podem ser experienciadas por qualquer pessoa, gerando algum sofrimento.
Não se trata, portanto, de algo “interno” ou “individual”, mas sempre uma dificuldade que acontece na relação das pessoas com a realidade. Também não se trata de um componente genético ou uma característica com a qual a pessoa já nasce pré-determinada.
“Grandes mudanças como a morte de uma pessoa querida, uma demissão ou o divórcio podem provocar complicações psicológicas como ansiedade e depressão. Todos nós estamos sujeitos a elas” – Eliane Regina Ternes Torres, Psicóloga (CRP 12/02711).
“É importante lembrar ainda que as complicações psicológicas não são crônicas. Elas podem ser tratadas e resolvidas. O paciente não precisa conviver com o problema para o resto da vida. É comum que a noção de “doença mental” venha associada com a ideia de que a pessoa terá que conviver com este quadro pelo resto da vida, o que faz com que muitos deixem de buscar ajuda profissional.” – Andrea Hellena dos Santos, Psicóloga (CRP 12/8762).
Outra compreensão comumente associada à complicação psicológica é a de fraqueza ou fragilidade, como se o indivíduo que passa por um quadro de sofrimento emocional tivesse menos valor, fosse menos forte ou menos preparado para os desafios de vida familiar e profissional. Esta concepção é bastante comum no campo profissional, onde a eficiência e a exigência por habilidades emocionais chegam a níveis exacerbados. É comum, neste cenário, as pessoas sentirem vergonha e esconderem o fato de estar passando por um quadro psicológico que exija tratamento.
Esta concepção dificulta a busca por cuidados, tendendo à piora dos quadros e grande sofrimento dos indivíduos. Muitos buscam ajuda apenas quando o quadro já está muito agravado, necessitando de intervenções mais complexas e, portanto, mais demoradas. Por conta disso, o Janeiro Branco destaca a necessidade de prevenção, de diálogo sobre o tema e de desmistificação dos tratamentos psicológicos.
Prevenção e Tratamento
Além do cuidado, diversas complicações psicológicas podem ser prevenidas. Muitos sofrimentos e dores podem ser evitados. Exemplos podem ser partilhados e ensinamentos podem ser difundidos para uma melhor saúde mental.
Por isso, assim como acontece com os cuidados físicos, é muito importante que dediquemos tempo para a nossa saúde mental.
Diferente do que diz o senso comum, as questões psicológicas não “se curam por si mesmas”. A falta de cuidados com as emoções e com as relações interpessoais pode prejudicar de forma considerável a nossa qualidade de vida e as pessoas ao redor. Uma dificuldade psicológica pode, inclusive, acarretar uma doença física grave, se não tratada.
A psicoterapia é uma das principais formas de intervenção na Personalidade e em quadros psicopatológicos. Cada vez mais pessoas buscam este recurso com naturalidade e resolvem dificuldades que, muitas vezes, faziam parte de seu dia a dia há anos. No entanto, ainda há muito tabu ao falar do tema e muitas pessoas escondem o fato de estarem frequentando uma clínica de Psicologia.
É importante compreender que buscar ajuda só fortalece as potencialidades dos indivíduos e acelera a resolução de dificuldades emocionais, além de otimizar o desenvolvimento das habilidades pessoais. Adoecer psicologicamente não é sinônimo de fraqueza nem de incompetência, mas sim um percurso comum a muitas pessoas e que pode ser superado com mais tranquilidade se amparado por uma equipe técnica.
“Além da responsabilidade que temos conosco, nós também somos mediadores da saúde mental das pessoas ao nosso redor. A medida em que cuidamos das nossas questões psicológicas, contribuímos para que os outros estejam mais saudáveis emocionalmente. Uma vez que nos descuidados e sofremos com elas, podemos fazer com que as pessoas ao redor também sofram” – Fabíola Langaro, Psicóloga (CRP 12/0799).
Tenha uma vida mais leve. Dedique um tempo para a sua saúde mental. A Clínica Consciência Psicologia busca promover relações saudáveis, em busca de um futuro de superações e (re)construções. Conte conosco!