O ano de 2022 foi um período de retomada da vida social, após a pandemia. Voltamos a participar de eventos e compromissos presenciais. Recolocamos na agenda as reuniões no ambiente de trabalho, o tempo para o happy hour, as aulas extras dos filhos, o cinema, os aniversários em família.
Foi necessário reaprender a viver em comunidade. Muitos haviam esquecido como era bater papo, falar sobre o tempo, apertar as mãos. Já não sabíamos se era mais educado cumprimentar com beijo ou ficar afastados.
Que bom que pudemos ter esse ano de retomada! Houve momentos da pandemia em que parecia que esse dia nunca iria chegar.
Com o retorno dessas rotinas presenciais, a gestão do tempo mudou. Algumas tarefas que antes eram resolvidas em minutos pelo computador, de modo pontual, passaram a necessitar horas inteiras do dia, já que incluíam deslocamento, logística, interações sociais e imprevistos.
No entanto já havíamos preenchido nosso tempo com outras atividades durante a pandemia. O período de reclusão nos exigiu adaptações e fomos encontrando um modo de vida, que alcançou uma certa estabilidade. Acumulamos mais funções no trabalho, pois havia tempo disponível em casa. Assumimos mais funções domésticas e familiares, já que foi necessário lidar com as crianças sem escola e sem tanta oferta de alimentos. E também, em muitos casos, ampliaram-se as rotinas de autocuidado, devido a maior consciência sobre saúde mental e física que a época trouxe.
Houve então um certo conflito entre manter os compromissos assumidos antes e durante a pandemia e também encaixar na agenda as atividades pós-pandemia.
Este ano que passou, foi um ano em que vimos na clínica de Psicologia muitos casos de exaustão, de cansaço, de muitos relatos de pessoas que “não viram o ano passar”. O tempo pareceu muito corrido, com todos muito atarefados, frequentes relatos de dificuldades de memória e de gestão de seus compromissos. Uma certa falta de realização e de dificuldade para “mergulhar” em atividades e relações importantes em sua vida. E ao mesmo tempo uma euforia pelas retomadas e a ânsia de assumir tudo o que se podia.
Incorporamos os compromissos pré-pandemia com o modo de vida pós-pandemia. Tentamos manter todas as rotinas do modo em que fazíamos em 2019. Porém não nos demos conta de todas as tarefas que assumimos e incorporamos durante esses dois anos de período de reclusão.
O fim de ano de 2022 chegou e com ele a atmosfera de repensar nossas vidas, fazer um balanço.
Queremos desejar que esse momento sirva de estímulo para refletirmos sobre quais compromissos e atividades podemos e queremos manter em nossos dias. Até certo ponto é uma escolha de cada um de nós o que vamos levar para 2023. O que é possível deixar para trás, delegar ou interromper? O que vou levar adiante? Quais batalhas vou escolher e quais vou deixar para trás? Quais rotinas e atividades são prioridade? E quais eu não dou conta ou não me fazem bem? São alguns dos questionamentos que queremos estimular aqui.
O ano de retomada passou e serviu para experimentarmos como é a rotina pós-pandemia? A vida agora tem um outro “normal” e quem o define somos nós. Nós que vivenciamos um momento tão difícil quanto a pandemia, o que aprendemos sobre o modo como se vive? O que tiramos desse balanço pré-durante-pós pandemia?
Esperamos que você faça boas escolhas para esse ano novinho em folha que tem pela frente. Que carregue com você os bons aprendizados e as atividades que tem significado e/ou que são realmente necessárias. Não é preciso dar conta de tudo. É possível delegar, interromper, encerrar. Identifique o que te realiza, o que te faz prosperar. Conheça suas necessidades para que elas sejam cuidadas e você floresça.
Conte conosco no que precisar.
Bom fim de ano!