A ansiedade faz parte da vida humana. Graças a ela, antigamente, quando a espécie precisava lidar de forma intensa com os perigos da natureza, nossos ancestrais podiam antecipar os riscos das mais variadas situações e se preparar para elas na forma de luta ou fuga.
Hoje, porém, a situação é bastante diferente. Os estímulos que geram ansiedade estão por toda a parte. A velocidade e a quantidade de informações que recebemos – e que precisamos responder – aumentou muito. A ansiedade, que antes nos ajudava a sobreviver, tornou-se um problema.
De acordo com o relatório Depression and Other Common Mental Disorders 2017, da Organização Mundial da Saúde (OMS), 9,3% dos brasileiros sofrem com quadro ansiedade.
Aspectos objetivos e subjetivos da ansiedade
Para compreender a ansiedade, podemos pensar em dois diferentes aspectos da realidade humana: os objetivos e os subjetivos. Os aspectos objetivos se referem ao contexto em que o paciente está inserido, como ambiente, cultura, condições históricas e políticas.
“Hoje, por exemplo, a nossa relação com o tempo é completamente diferente da relação que os nossos pais e avós tinham com o tempo na nossa idade. Antigamente, para se comunicar com alguém, você precisava escrever uma carta, enviá-la, esperar o recebimento e a resposta. Era praticamente impossível acelerar este processo. O contexto era esse” – Geórgia Bunn, Psicóloga, CRP 12/08000.
“Atualmente, o imediatismo prevalece. As pessoas precisam realizar diversas tarefas ao mesmo tempo e em qualquer lugar. A velocidade com que entramos em contato com conteúdos e informações aumentou os níveis de exigência nos estudos, no trabalho e nas relações. O que nos deixa mais ansiosos” – Fabíola Langaro, Psicóloga, CRP 12/0799.
A ansiedade está ligada ao sentimento de antecipação. Para poder dar conta da enorme quantidade de estímulos que recebemos, tentamos antecipar o que está por vir. E isso nem sempre é feito de forma resolutiva, ou seja, que nos ajude a realmente enfrentar as situações cotidianas.
Os aspectos subjetivos da ansiedade dizem respeito justamente à forma como nos apropriamos do contexto ao redor e como reagimos a ele: de maneira positiva, negativa, agressiva, triste, alegre e assim por diante. Estes aspectos subjetivos têm, portanto, relação com o modo como constituímos nossa dinâmica de personalidade.
“Um bom exemplo disso acontece quando uma pessoa próxima vai viajar e fica muito tempo sem dar notícias. É muito comum que as pessoas ansiosas fiquem preocupadas e passem a imaginar as piores situações, como acidentes. Isso, muitas vezes, as impede de visualizar outras possibilidades: a pessoa pode ter ficado sem sinal de celular, por exemplo” – Andrea Hellena dos Santos, Psicóloga, CRP 12/8762.
Conforme o estado emocional que estamos, tomamos certos tipos de ações concretas, que impactam nosso meio. Podemos assumir muitos compromissos profissionais e dedicar pouco tempo para pessoas e lazer, por exemplo. Nossas ações contribuem para manter ou modificar os aspectos objetivos do mundo a nossa volta e, do contrário, nossas atitudes também são influenciadas pelo contexto ao nosso redor.
Prejuízos à saúde
Vimos que as antecipações são muito frequentes nos processos de ansiedade. A pessoa ansiosa tenta, de alguma forma, prever como e quando algo vai acontecer, como vai viver determinada situação e qual será a reação das pessoas ao redor. Dependendo da maneira como esse sentimento é apropriado (positivamente, negativamente..), os prejuízos à saúde podem ser bastante graves.
“A ansiedade desperta nos indivíduos uma série de reações físicas e psicológicas. O coração dispara, os músculos ficam tensos, perdemos o sono, a fome ou comemos demais” – Geórgia Bunn, Psicóloga, CRP 12/08000.
“A ansiedade também pode nos paralisar e fazer com que não seja possível enfrentar situações desafiadoras no trabalho ou mesmo nos relacionamentos” – Eliane Regina Ternes Torres, Psicóloga, CRP 12/02711.
Lidando com a ansiedade
Para controlar a ansiedade é importante perceber esse movimento de antecipação e verificar se aquilo que está sendo antecipado condiz de fato com a realidade. Em resumo, se a ansiedade é ou não justificada – e refletir a respeito disso.
É preciso entender também que a ansiedade não surge “do nada”. As crises de ansiedade geralmente possuem um gatilho, um objeto emocionador que desencadeia esse sentimento.
“O objeto emocionador pode ser um fato concreto, mas também pode ser uma notícia, uma memória ou a expressão de alguém na rua, por exemplo. Saber identificá-lo é fundamental para iniciar o processo de manejo da ansiedade” – Andrea Hellena dos Santos, Psicóloga, CRP 12/8762.
Uma vez que o objeto emocionador é identificado, pode-se verificar efetivamente se existe razão ou não para a reação de ansiedade que ele provoca. Além disso, é possível começar a elaborar estratégias de enfrentamento a essas situações, que podem ser desde pensar em respostas concretas aos eventos futuros (como formas de se preparar para uma fala em público, por exemplo), até outras maneiras de pensar sobre si mesmo e de avaliar os acontecimentos que estão por vir.
“Nem sempre é possível eliminar a ansiedade, mas é possível administrá-la e reduzir os impactos que ela pode ter na vida e na saúde do paciente” – Fabíola Langaro, Psicóloga, CRP 12/0799.
A ansiedade pode ser uma grande fonte de sofrimento. Na Clínica Consciência Psicologia, os tratamentos são realizados com ética, em busca de relações saudáveis e de um futuro de superações e (re)construções. Conte conosco!