O termo Depressão se tornou conhecido no âmbito popular. Vem sendo cada vez mais comum ouvirmos alguém dizer que o colega/familiar está deprimido ou “depressivo”. Certamente você já conheceu alguém que teve Depressão ou você mesmo já viveu ou vive esta experiência.
A Depressão vem se tornando cada vez mais comum em nossa sociedade. Atualmente, é considerada a principal causa de incapacidade dos seres humanos, em nível mundial (OMS).
Quantas pessoas nesse momento estão se sentindo tristes, desmotivadas, isoladas em suas casas, com alterações de sono e fome e sem conseguir compreender o sentido de suas vidas? Além disso, a maioria não consegue compartilhar esta dor com seus colegas e familiares. Este agravante tende a mantê-los nesta condição, às vezes por anos.
Conforme os catálogos de saúde, os quadros depressivos podem ser diagnosticados a partir de duas semanas da constatação dos sintomas. A Depressão pode decorrer de algum acontecimento marcante, como adoecimento, hospitalização, mudanças de cidade/país ou dificuldades em processos de luto. Um primeiro episódio depressivo tende a resolver-se, seja com tratamento específico ou não, e tornar-se algo isolado. Porém, a partir da persistência ou do retorno dos sintomas, o quadro pode ser diagnosticado em categorias mais complexas. Sendo assim, exige cuidados sistematizados, como psicoterapia e uso de medicações.
O que diz a Psicologia sobre a Depressão?
Com frequência, uma pessoa psicologicamente saudável é afetada emocionalmente por acontecimentos e pessoas ao seu redor. Isso significa dizer que deve haver coisas que você gosta e coisas que você não gosta, coisas que lhe causam prazer e, outras, hostilidade, assim como coisas que lhe despertam desejo de aproximação e de afastamento.
Um dos problemas na Depressão é que as coisas perdem a função emocional para o indivíduo. Essa condição o leva a sentir e dizer que “nada mais tem graça” ou “não me importo com mais nada”.
Qualquer ação de um indivíduo acontece porque ele é capaz de projetar um sentido, uma direção, um alvo adiante. É o futuro que motiva o ser humano a agir. Sartre descreve o exemplo de uma pessoa jogando tênis: o que faz com que ela movimente todos os seus músculos para se deslocar rapidamente até o extremo canto da quadra é a suposição da possibilidade de alcançar, de fato, a bolinha e lançá-la em um local pré-determinado. É a capacidade de visualizar-se ganhando o jogo que motiva a jogá-lo. Quanto mais segurança a pessoa tem em suas capacidades, mais garra vai imprimir em seu gesto, pois mais forte é a crença de que é possível vencer.
Neste sentido, a Depressão, em linhas gerais, é a perda da força desse futuro. É como se nada atraísse o indivíduo para viver e construir esse futuro de sucesso. Pelo contrário, o futuro que a pessoa deprimida sente ter à sua frente é um cenário de fracasso, mesmice, perdas, falhas e impossibilidades. São perspectivas tão trágicas que podem levar o indivíduo a sequer sair da cama.
É muito comum, ainda, que a pessoa deprimida não consiga explicar o que acontece com ela. Isso faz com que se isole do convívio social e experimente uma solidão dilacerante. A partir daí, podem surgir ideias de encerrar sua própria vida, já que não consegue, sozinha, dar-se conta das soluções que existem para a sua situação.
Por que isso acontece?
São muitos os motivos que podem gerar um quadro depressivo. Um dos mais comuns em nossa prática clínica são os casos em que o indivíduo tem uma constante sensação de não ser bom o suficiente para as coisas, ou senso de incapacidade.
Diante das frustrações, erros ou insucessos que vive em seu dia a dia, ele interpreta que esses acontecimentos evidenciam sua falta de capacidade. Com isso, deixa de considerar outros motivos para estas frustrações. Por essa razão, não consegue encontrar soluções para ir adiante. É como alguém que se sai mal em uma prova e interpreta que isso se deve à sua incapacidade absoluta de ser alguém na vida, não se dando conta de que isso só ocorreu porque ele não estudou nas semanas anteriores. Se eu atribuo as falhas à minha incapacidade, eu não vou tentar novamente, porque não haveria chances para alguém incapaz.
O que dificulta as coisas é que o indivíduo não se percebe nesse movimento. Tudo pode acontecer de uma forma muito rápida, sem nenhuma reflexão sobre o assunto. Tudo o que o indivíduo conseguiria contar sobre este episódio, em um primeiro momento, seria que ficou muito desanimado após tirar a nota baixa e agora não quer mais ir às aulas, por exemplo.
Quais os ganhos com a psicoterapia?
O psicólogo vai ajudar a descrever e compreender os processos emocionais diante dos acontecimentos cotidianos. Assim, a pessoa que está vivenciando um quadro depressivo se percebe em sua dinâmica psicológica. Consegue perceber como acontecem suas emoções e quais são seus padrões de sentir e agir.
Ao longo do processo, aprende a olhar para os acontecimentos de outra forma e, assim, a encontrar soluções práticas para avançar em seus projetos de vida. A cada pequena conquista, o psicólogo vai direcionar a compreensão dos fatos sem o viés emocional antigo. Contribui, assim, para que o indivíduo tenha mais segurança em suas capacidades.
Afinal, o que determina nossa capacidade de realizar feitos não é algo prévio, como uma característica que carregamos dentro de nós. São as tentativas concretas, a repetição, a construção desde os primeiros passos, a análise dos motivos de erros, a busca por auxílio dos mais experientes, os diálogos e o apoio de nossa rede afetiva que nos tornam capazes de realizar nosso propósito de vida, de acordo com nossos valores. Todos temos potencial para viver com saúde emocional.
A psicoterapia pode ajudar bastante nos quadros de Depressão, contribuindo para que o indivíduo avance em seus projetos de vida. Conte conosco!