Você já vivenciou alguma experiência ameaçadora, que colocou em risco a sua integridade ou a das pessoas ao redor? Quais mudanças aconteceram na sua vida após esse fato?
Por mais que as pessoas possam sobreviver e se recuperar fisicamente de experiências traumáticas, o processo pode ser difícil. Assaltos, incêndios, acidentes de carro e até mesmo casos extremos, como o recente rompimento da barragem em Brumadinho, em Minas Gerais, são capazes de desencadear reações psicológicas graves. E isso pode comprometer a saúde e a qualidade de vida dos indivíduos.
De forma geral, o medo, a angústia e até mesmo a depressão podem surgir após eventos de grande risco. As relações com as pessoas ao redor podem se modificar. O receio de que a experiência volte a acontecer tende a ser constante. Nestas ocasiões, um dos quadros clínicos que podem se desenvolver é o Estresse Pós-traumático.
Abaixo, vamos entender melhor o que é o estresse pós-traumático. Vamos abordar também como ele acontece e as possíveis formas de lidar com esse quadro.
Situações Traumáticas
Na realidade atual que vivemos, principalmente em maiores centros urbanos, é relativamente comum nos depararmos com situações que apresentam riscos de vida, perdas e danos.
Violência urbana, acidentes de trânsito e catástrofes (incêndios, enchentes, etc) são contextos que provocam experiências intensas. Normalmente, estão associadas com alterações emocionais importantes. Assim, podem modificar a condição emocional padrão do indivíduo e/ou suas relações com pessoas e locais envolvidos no evento.
O termo “trauma”, em psicologia, tem sua origem na Psicanálise e refere-se a situações emocionalmente significativas geradoras de sintomas. Na Psiquiatria, quando esses sintomas são considerados como causadores de prejuízo ou sofrimento clinicamente significativos, podem contribuir para configurar o que se chama Estresse Pós-Traumático.
“No estresse pós-traumático, as pessoas revivem as emoções e sentimentos que experimentaram durante a situação que causou o trauma. O medo, a angústia e o desespero podem ser muito reais.” – Fabíola Langaro, Psicóloga, CRP 12/0799.
“O estresse pós-traumático está bastante relacionado à ansiedade, visto que nos momentos em que a pessoa revive a situação traumática e os sintomas a ela associados, está antecipando que possa passar novamente por ele e, consequentemente, experimenta no presente um futuro ameaçado” – Andrea Hellena dos Santos, Psicóloga, CRP 12/8762.
Além dos sintomas fisiológicos como taquicardia, suor frio e náuseas, o estresse pós-traumático pode induzir a outros quadros. Entre eles, quadros depressivos, transtornos de sono e de alimentação. Ainda, podem provocar o afastamento das pessoas do convívio social. O sofrimento, nesses casos, costuma ser grande.
Como lidar com o estresse pós-traumático?
As pessoas podem ser bastante diferentes umas das outras. Por isso, nem todo mundo que vive uma situação ameaçadora desenvolve o estresse pós-traumático. Alguns indivíduos conseguem, por si só, se recuperar destes eventos e encontrar estratégias para lidar com estas situações.
“Algumas pessoas, ao perceberem que estão lembrando e revivendo situações do passado, conseguem identificar as diferenças e perceber que estão vivendo é algo diferente” – Eliane Regina Ternes Torres, Psicóloga, CRP 12/02711.
No entanto, há casos de indivíduos que não conseguem se desvencilhar das emoções provocadas pelo estresse pós-traumático.
“Esse é um ponto importante. Algumas pessoas podem ficar presas às emoções do passado. Elas revivem as experiências antigas no presente, o que pode causar enormes prejuízos físicos, sociais e psicológicos” – Fabíola Langaro, Psicóloga, CRP 12/0799.
Auxílio Psicológico ao Estresse Pós-Traumático
Quando o estresse pós-traumático é diagnosticado e há necessidade de intervenção profissional, o psicólogo direciona a pessoa para retomar as situações traumáticas vividas. Um dos objetivos é refletir sobre as experiências passadas sem a influência das emoções daquele momento.
Esse trabalho deve ser bastante cuidadoso e conduzido por profissionais especializados. Ele deve ter como objetivo compreender, de forma crítica e com mais detalhes, como essas experiências foram apropriadas pela personalidade do indivíduo.
Além disso, no momento da experiência dos sintomas, o futuro aparece como ameaçado, ou seja, possivelmente interrompido ou incapaz de se realizar como a pessoa deseja.
“É importante lembrar também que os sintomas de ansiedade não surgem de repente. Eles costumam estar associados a um gatilho, a um objeto emocionador, que faz com que a pessoa relembre e reviva o trauma vivido” – Eliane Regina Ternes Torres, Psicóloga, CRP 12/02711.
“O objeto emocionador pode ser um fato concreto. Pode também ser uma notícia, uma memória ou a expressão de alguém na rua, por exemplo. Saber identificá-lo é fundamental para iniciar o processo de manejo da ansiedade” – Andrea Hellena dos Santos, Psicóloga, CRP 12/8762.
Uma vez que o objeto emocionador é identificado, pode-se verificar efetivamente se os sintomas vivenciados são compatíveis com a situação atual ou se estão mais relacionados ao modo como a pessoa avalia aquele evento. Além disso, com a reflexão crítica sobre o estresse pós-traumático, é possível começar a elaborar estratégias de enfrentamento a esse quadro.
O estresse pós-traumático pode ser uma grande fonte de sofrimento. Avalie o que mudou na sua vida e fique atento aos sintomas. Refletir sobre as situações do passado pode lhe ajudar a construir um futuro de superações. A Clínica Consciência Psicologia está a sua disposição para lhe ajudar nesse processo.