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Habilidades Emocionais

27/11/19

Atualmente, muito se tem falado sobre inteligência e habilidades emocionais, indicando serem essas capacidades importantes para bons relacionamentos. Mas você sabe o que isso quer dizer? Leia o texto e entenda um pouco mais sobre o assunto.

A Construção de Nossa Personalidade

A primeira questão que merece destaque sobre o assunto é sobre como nos constituímos a pessoa que somos. Quando nascemos, não temos uma personalidade formada. Tudo o que sabemos hoje foi aprendido em algum momento de nossas vidas. Aprendemos a andar, a falar, a comer, a pensar. Isso mesmo: aprendemos a pensar sobre o mundo através do que vivenciamos e do que as pessoas nos dizem sobre aquilo que vivemos. Assim, se uma criança convive em um ambiente em que os adultos sofrem com ansiedade, é possível que a criança vá fazendo uma leitura das situações com base naquilo que esses adultos dizem a ela sobre os eventos. Com o passar do tempo, a partir de outras experiências que tiver, pode ser que essa criança possa fazer uma leitura diferente das coisas, quando então, como diria Sartre, “faz algo [diferente] daquilo que fizeram dela”.

O Aprendizado das Emoções

O fato de nossa personalidade ser constituída a partir de nossas vivências – e posteriormente das elaborações que fazemos acerca delas – implica que também aprendemos a sentir. Assim, apesar de algumas emoções (como a raiva, o medo, a tristeza e a alegria) fazerem parte da condição humana, o modo como cada pessoa experimenta e expressa esses sentimentos é único. E aqui vem uma parte muito importante para a compreensão de como as emoções acontecem: aquilo que desperta as emoções em cada pessoa depende de sua trajetória de vida e daquilo que ganhou a capacidade de suscitar nela aquela reação. Explicando melhor: por que algumas pessoas ficam felizes com gestos simples de carinho ou de amizade e outras não? Por que algumas pessoas ficam furiosas quando cometem erros e outras podem lidar com isso de modo ameno?

Ao longo da nossa história de vida, alguns objetos e situações adquirem a capacidade de causar em nós emoções. Isso tem relação com o contexto em que essas emoções aconteceram ao longo de nossa trajetória e de como foram apropriadas por nós.

Por exemplo: o cheiro de uma comida pode despertar em alguém um sentimento de alegria e conforto por lembrar de um alimento preparado em família em almoços de domingo. O registro dessas sensações faz com que, ao sentir novamente o cheiro da comida, a pessoa tenha uma onda de bons sentimentos. Se, por outro lado, os almoços dominicais eram tensos, permeados por brigas e desentendimentos, esse mesmo cheiro poderia despertar em alguém angústia e mal-estar.

Como as emoções acontecem 

Dito isso, podemos destacar que as emoções acontecem sempre a partir de algum evento da realidade, ou ao que chamamos de “gatilhos emocionais”. Pode ser então algo que vimos, que ouvimos ou mesmo algum pensamento que nos ocorre. A partir deles, há uma reação que inclui aspectos físicos e que nos lança a uma experimentação alterada da realidade. 

Assim, se vejo um animal que considero perigoso, tenho uma sensação de medo. Ela pode acelerar meu coração, fazer com que eu sue frio, fique com os músculos tencionados e comece a antecipar que posso ser atacado. Inclusive, pode me fazer imaginar algo terrível ocorrendo em minha vida. Tendo essa experimentação, vou agir fugindo da situação ou até mesmo permanecer paralisado, não conseguindo escapar da cena. Ainda que o animal não seja tão perigoso de fato (por exemplo, uma abelha), toda minha vivência é uma reação ao modo como aquele animal desperta em mim essa emoção, ou seja, à capacidade que ele adquiriu de me afetar particularmente.

Portanto, embora muitas vezes as pessoas não consigam identificar o que foi gatilho para suas emoções, eles sempre acontecem. Os gatilhos são os disparadores de emoções e que fazem com que experimentemos o mundo de modo emocionado. Aqui, é importante lembrar que esses gatilhos são constituídos ao longo da vida de cada indivíduo. Além disso, o que dispara uma emoção em alguém pode não fazer o mesmo para outra pessoa.

Construindo habilidades emocionais 

Entramos aqui na questão principal deste texto: como construímos nossas habilidades emocionais e como é possível aprimorá-las? 

Identificação dos Gatilhos 

O primeiro passo é então compreender como as emoções acontecem. Ou seja, ter em mente que aprendemos a sentir e em seguida a avaliar nossas emoções, que nos levam a experimentar o mundo de determinada forma e, em consequência, a agir sobre ele. Esse processo inclui a capacidade gradativa que vamos adquirindo de identificar o que é gatilho para cada um de nós. Assim, posso começar a identificar o que faz com que minha ansiedade seja disparada. É o receio de não dar conta de tantas responsabilidades assumidas? É a preocupação de fazer tudo de modo que seja aprovado pelos meus colegas de trabalho? É o receio de ir para um encontro de amigos e ser questionado sobre uma recente perda de emprego?

Antecipação do Futuro

Depois de identificados os principais gatilhos, podemos entender que futuro antecipamos sempre que eles acontecem. Antecipações como “talvez eu nunca consiga estabilidade no trabalho”; “acho que nunca vou ter um casamento estável”; “não sou bom o suficiente pra isso”. Geralmente, nas situações que nos causam emoções difíceis de lidar, como ansiedade e medo, antecipamos um futuro diferente daquele que gostaríamos de viver. Ao contrário, emoções como alegria indicam que o futuro antecipado por nós é um futuro desejado e capaz de reforçar nossa direção a ele. Por fim, vamos entendendo o modo como avaliamos a realidade, os gatilhos e as reações a eles e podemos adquirir a capacidade de nos posicionar frente a essas situações de modo mais claro. 

Se eu sei que uma única abelha é capaz de me deixar em pânico, mas que concretamente uma picada de abelha não é capaz de causar um dano tão grande à minha saúde, que outras respostas posso dar a esse evento que não sejam ficar paralisada ou correr deixando tudo para trás? Se meu chefe diz que um trabalho que realizei não está tão bom quanto o esperado e que, por situações vivenciadas no passado, isso me faria sentir incapacidade total para o trabalho, será que não posso avaliar que em diversos outros momentos tive bons resultados e que então posso lidar com esse evento de modo a não me experimentar incompetente como um todo?

Estratégias para Novas Possibilidades de Ação

Todo esse processo pode ser bastante complexo, pois não basta identificar os gatilhos: é preciso traçar estratégias para que, ao estar frente a eles, tenhamos outras possibilidades de ação para acionar. E é aqui que entra a importância da psicoterapia e do desenvolvimento de habilidades emocionais.

Psicoterapia e Habilidades Emocionais

Assim, muitas vezes em psicoterapia, por exemplo, além de conhecer os gatilhos e compreender que futuro antecipamos quando eles acontecem, é necessário elaborar ferramentas e elencar possibilidades de ação para o momento em que estivermos, em nosso dia a dia, frente aos objetos e situações que nos emocionam e que com frequência nos fazem agir de modo diferente do que desejamos. Nesse processo, a psicoterapia auxilia as pessoas a perceberem o que são gatilhos para cada uma delas. Além disso, como se experimentam quando a emoção acontece (incluindo as respostas físicas a ela), que futuro antecipam, de onde vem essa compreensão da realidade e como é possível, avaliando de outras maneiras essa mesma situação, se colocar de modo diferente frente a ela.

É assim que podemos não nos enfurecer mais tanto no trânsito; sair de um dia de trabalho pensando no que podemos melhorar, mas também no que temos feito de modo competente; e também ir a encontros sociais e familiares entendendo quem somos, quem os outros são, que expectativas eles têm e quais nós temos, para que saibamos enfrentar os questionamentos ou comentários que de outra forma nos fariam pensar que nosso destino é a solidão.

Embora seja trabalhoso desenvolver essas habilidades, é importante considerar que é possível. E, de fato, o que se descreve como inteligência emocional nos dá a capacidade de agir no mundo, em relação aos outros e a nós mesmos. Assim, contribui de modo a nos direcionar para o futuro que desejamos.

Conte com os profissionais da Consciência Psicologia para desenvolver suas habilidades emocionais e concretizar seus projetos.

 

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