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6 coisas que você precisa saber antes de agendar uma consulta para um familiar/colega

20/09/22

Tem sido cada vez mais comum pessoas buscarem ajuda psicológica para familiares e amigos/as. Além da frequente procura de pais/mães para avaliação psicológica de filhos menores de 18 anos, esse tipo de busca tem aparecido entre pessoas com relações de amizade, relações profissionais e outras. Constantemente recebemos mensagens de filhos/as buscando suporte emocional para suas mães ou pais e também maridos/esposas preocupados/as com o sofrimento de seus cônjuges. Isso sem falar das demandas que aparecem por parte de instituições, ou seja, empresas, escolas, hospitais ou Justiça.

A busca pela/o profissional de Psicologia por parte de uma terceira pessoa que não aquela que apresenta o sofrimento emocional pode ser um excelente indicativo em diversos aspectos. Em primeiro lugar, pressupõe que haja solidariedade e vínculo forte entre as pessoas envolvidas. Quem toma a iniciativa de buscar ajuda se importa com quem está sofrendo e se envolve a ponto de participar da resolução do problema. Além disso, esse tipo de ato demonstra uma conscientização maior da sociedade em relação a função da Psicologia, além de contribuir com o processo de desmistificação da psicoterapia. A ajuda psicológica vem deixando de ser um assunto considerado vergonhoso e alcançando o status de cuidado de saúde/bem-estar.

Um outro importante aspecto a se considerar é que esse movimento demonstra uma certa responsabilização de um indivíduo em relação ao outro. Um filho pode, sim, sensibilizar-se com o sofrimento de sua mãe e tomar a iniciativa em seus cuidados. Também é possível que colegas de trabalho se unam buscando ajuda para alguém do time que está nitidamente em sofrimento. Quadros como ansiedade, depressão, estresse e burnout já são conhecidos da população. Desta forma, toda pessoa que percebe em seu entorno indicativos de sofrimento emocional, quadros psicopatológicos, dificuldades de relacionamento, baixa autoestima, etc, pode e deve buscar ajuda. 

Além disso, deve-se lembrar que o psicólogo não precisa ser procurado apenas quando o problema já é grave ou crítico. Mesmo pessoas que buscam autoconhecimento, melhora de habilidades sociais ou aumento da experiência de auto realização, dentre outros, podem ser beneficiadas por meio do trabalho direcionado de um/a psicólogo/a.

Buscar ajuda psicológica para uma outra pessoa é uma tarefa delicada. Esse caminho entre a ideia de procurar um/a profissional e a realização efetiva da consulta é um processo pouco abordado, porém cheio de particularidades. É preciso pensar com cuidado e compreender o que está em questão. Não existe uma fórmula mágica sobre como fazê-lo, mas existem vários pontos a serem observados e recursos que podem ser utilizados. 

Seguem alguns pontos para pensarmos juntos/as:

1. CONVERSE COM A PESSOA

Em primeiro lugar, a pessoa para quem se está buscando atendimento deve ser consultada. Em geral, não é indicado que o horário seja agendado sem que a pessoa saiba o que está havendo. Essa regra só é quebrada em casos muito especiais e geralmente mais graves, mais comuns em serviços mais complexos de saúde mental. Portanto, se você está pensando em agendar uma consulta para alguém, converse com essa pessoa antes. Fale de sua preocupação com ela e porque você entende que um profissional de Psicologia pode ajudar.

É fato que, em alguns casos, pode ocorrer resistência, visto que o sofrimento da pessoa está muito intenso, há uma dificuldade em aceitar o processo psicoterapêutico ou a pessoa reage de forma agressiva. Por isso, se você está em dúvida como conduzir essa conversa, você pode buscar a orientação de um profissional da Psicologia para obter orientações.

Em se tratando de casos muito graves, quando a intervenção profissional é urgente e o diálogo com a pessoa não é efetivo, deve-se buscar um centro especializado que atenda em formato de pronto atendimento. Frequentemente eles estão disponíveis em serviços e hospitais psiquiátricos, públicos e privados. Alguns casos que se encaixam nessa condição são: risco de suicídio iminente, acessos de agressividade que coloquem pessoas em risco (a si mesmo ou a outros), acessos com sintomas muito intensos (como falta de ar e medo persistentes, choro incessante, alucinações, etc) ou perda de orientação espaço-temporal (não saber quem é e onde está). Caso você tenha dúvidas se a pessoa que você conhece se encaixa nesse grupo, você também pode entrar em contato com um profissional para esclarecer. 

2. NÃO TENHA PRESSA. O “SIM” PODE DEMORAR A VIR

É comum as pessoas sentirem alguma resistência para agendar consulta com um/a psicólogo/a, principalmente se é a primeira vez. Existem muitas dúvidas e fantasias a respeito do trabalho da Psicologia, desde um total desconhecimento de como se dá o trabalho até a impressão de que o psicólogo pode adivinhar o pensamento de alguém. Há também o entendimento de que o profissional vai apenas ouvir o que o cliente fala, sem qualquer intervenção. Ou o contrário, que o psicólogo vai tomar decisões pelo cliente e lhe dizer tudo o que deve ser feito. 

Abrir sua intimidade com outra pessoa, inicialmente desconhecida, pode ser desconfortável. Além de que, olhar de frente para o problema e para os sentimentos pode ser muito doloroso no início. Por esses e outros motivos, é comum a pessoa precisar de um certo tempo para refletir e aceitar conversar com um profissional. 

Outro ponto importante é que, muitas vezes, a pessoa não sabe nem por onde começar a falar de suas dificuldades, dado que está mergulhada na emoção e nunca parou para organizar o que lhe acontece. 

Um processo de decisão acerca da busca por um profissional passa por diversos aspectos e precisa de um tempo de amadurecimento. Nesse processo dois pontos são cruciais: não acelerar demais, cobrando uma decisão e não desistir. Ou seja, é importante iniciar a conversa, retomar o assunto em momentos diferentes, fazer perguntas e entender os motivos do “não”. Com calma, com afeto e com esclarecimentos é bem provável que a pessoa vai ceder em um momento.

3. ACERTE NO PERFIL DO PROFISSIONAL

Ao buscar um/a profissional é importante levar em conta alguns aspectos. Além das questões mais básicas, como cadastro no Conselho de Psicologia e formação profissional adequada, é importante que seja um profissional que atenda o tipo de demanda que seu familiar/colega precisa. Há profissionais especializados em atender crianças, mas que podem não atender questões de casal ou questões profissionais, por exemplo. Para avaliar melhor essa questão você pode enumerar alguns pontos gerais sobre o caso e confirmar com o psicólogo se ele está apto a receber esse tipo de paciente/cliente. Esse esclarecimento pode ser feito por um contato prévio com o/a profissional,  informando a idade da pessoa para quem deseja agendar a consulta e o tipo de necessidade que ela parece apresentar.

Características pessoais da/o psicóloga/o não costumam interferir no resultado da intervenção psicoterapêutica em si,  ainda assim, clientes costumam ter preferências e se sentem mais à vontade com um certo perfil de profissional. Você pode checar se alguns desses aspectos vão facilitar que seu familiar/amigo aceite e dar continuidade ao acompanhamento: idade, gênero, tempo de experiência, estilo de vestimentas e de linguagem, identidade visual e de conteúdo nas redes sociais, etc. Saiba que essas características não vão determinar nada significativo no processo, mas podem dar um empurrãozinho nesse início para aquela pessoa que está mais resistente a se abrir com alguém.

A Psicologia possui diversas abordagens ou metodologias. Algumas focam os aspectos comportamentais, outras consideram o inconsciente. Há as que incluem a família no processo, as que priorizam o momento presente e também as que destacam ações concretas e o direcionamento futuro de sua história. Você pode ler um pouco sobre as abordagens antes de escolher, porém é bastante difícil visualizar a prática das consultas sem antes passar por uma experiência concreta com as metodologias. Se você quer conhecer mais sobre as abordagens, converse previamente com o psicólogo e tire suas dúvidas. Essa é a melhor forma de entender um pouco sobre os diferentes modos de trabalho.

Independentemente do método utilizado pela/o profissional, o mais importante é que seja alguém de confiança. Sobre essa questão, busque conversar com pessoas de sua rede que fazem ou já fizeram psicoterapia. Os sites e perfis dos profissionais também costumam apresentar recomendações importantes de seus clientes. Esse é um conteúdo importante para você considerar na busca por um profissional. 

Outra fonte de indicação pode vir de outros profissionais com quem você possui vínculo. Aqui se encaixam profissionais da saúde, como nutricionistas, médicos ou fisioterapeutas, que frequentemente trabalham em equipes multiprofissionais e conhecem o trabalho de psicólogas/os. Se você está inserido em ambiente corporativo, também pode recorrer ao setor de Pessoas de sua empresa, na área de Recursos Humanos, pois é comum disporem de profissionais com atuação em Bem-estar para indicar.

4. SAIBA ESCOLHER ENTRE CONSULTA ONLINE OU PRESENCIAL

Na grande maioria dos casos, a consulta online é tão eficiente quanto a presencial. Atualmente o Conselho de Psicologia autoriza que todo o processo psicoterapêutico seja realizado de modo online e a maior parte dos profissionais de Psicologia já está habituada às especificidades dessa modalidade.

Pessoas que estão mais conectadas a internet possuem mais familiaridade com os recursos e tendem a aceitar melhor a modalidade online. Pessoas com menos intimidade com essa vivência podem precisar de uma ajudinha para se adaptar, em um primeiro momento. Nesse sentido, se você vai agendar consulta para uma pessoa conhecida, é de grande importância ensiná-la e orientá-la a usar os recursos virtuais e experimentar a consulta remota. Para manter um processo de psicoterapia online é importante ter uma boa conexão de internet, dispor de fones de ouvido e de um ambiente com privacidade. Além disso, alguns profissionais utilizam plataformas específicas, que exigem cadastro, enviam notificações e fazem as cobranças todas de modo online.

Um dos grandes diferenciais se você está buscando psicólogo para alguém que goste é que o modo online permite que você indique um psicóloga/o de sua confiança para alguém que mora em outra cidade, estado ou país.

A consulta presencial se adapta a quem não pode dispor dos recursos acima mencionados, para quem sente que não terá privacidade em seu ambiente ou por questões de preferência. Se for agendar uma consulta presencial, é muito relevante considerar a distância entre a residência da pessoa e o consultório. Dado que o processo de psicoterapia tende a ser longo, a questão de deslocamento precisa ser confortável para que se aumentem as chances de adesão e persistência no tratamento. É comum pessoas iniciarem um processo e, com o tempo, sentirem que se torna muito custoso o deslocamento até a clínica.

Algo muito comum atualmente é o cliente iniciar o processo de modo presencial e, aos poucos, migrar para a consulta online. Fazer a consulta de sua própria casa é uma experiência muito bem avaliada por quem já testou. A praticidade e a economia do tempo de deslocamento tendem a ser bastante considerados quando o cliente percebe que o conteúdo da sessão é todo preservado e que o resultado é equivalente, em relação ao presencial. 

5. A CONSULTA INFANTIL INICIA COM OS ADULTOS RESPONSÁVEIS

Em relação à consulta com crianças, existem algumas especificidades. A primeira sessão, nesse caso, é feita apenas com os adultos responsáveis. A criança fica sabendo da consulta, porém não participa desse primeiro momento. Esta sessão inicial serve para a/o psicóloga/o coletar informações acerca do histórico e problemática da criança. Sem a criança presente, é possível abordar temas mais delicados, mantendo a criança protegida de certas informações. Desta forma, é possível usar uma linguagem adulta, abordando maior volume de conteúdos e refletindo sobre os comportamentos, vida emocional da criança e seu contexto. 

A partir dessa primeira consulta, são planejadas as sessões com a criança, sendo possível também alinhar a melhor maneira de informá-la sobre o processo psicoterapêutico, se for o caso. Considere que a abordagem com a criança varia muito conforme a idade e perfil. Mas, em geral, esta descrição acima é mantida na grande parte dos casos.

6. VOCÊ PODE ACOMPANHAR A PESSOA AO CONSULTÓRIO

O conteúdo da consulta psicológica é sigiloso e, em geral, bastante íntimo para a pessoa que abre suas informações. Pode ser desconfortável ou doloroso abrir informações tão delicadas em frente a uma terceira pessoa. Por esse motivo, a maior parte do processo acontece de maneira individualizada.

No entanto, há alguns aspectos iniciais da consulta que podem, sim, ser compartilhados. Uma primeira consulta envolve conhecer o profissional e apresentar informações gerais de identidade e dos motivos que levam o paciente à consulta. Dados como profissão, com quem mora, se tem filhos, como conheceram o profissional, etc, podem ser bons caminhos para se iniciar uma conversa. Até mesmo a apresentação inicial da queixa, ou seja, responder a questão “o que fez buscarem a consulta psicológica” pode permitir que um familiar fique junto na sessão, dado que você já possui um conhecimento sobre esse contexto.

Outro ponto importante a considerar é o grau de intimidade que você possui com a pessoa em questão. Se a pessoa que vai consultar se sente à vontade com você – ou talvez até mais segura do que ir sozinha – você também pode conversar com o/a profissional e solicitar a entrada na consulta enquanto acompanhante.

O mais importante, mesmo que você não entre na consulta ou permaneça em parte dela, é o apoio que você pode oferecer ao acompanhar a pessoa até o consultório. Uma primeira consulta, principalmente quando se está muito fragilizado, pode ser uma tarefa difícil de executar. Saiba que encontrar um rosto conhecido e carinhoso na recepção, antes e depois da consulta, pode ajudar a tornar tudo mais leve.

O Importante é dar o primeiro passo

Mesmo que a pessoa não se engaje no tratamento a partir dessa consulta inicial, o primeiro passo foi dado e é uma conquista no sentido de auto-reflexão, quebra de paradigmas e abertura de possibilidades. A consulta psicológica é uma vivência concreta de sentir-se tendo com quem contar e de que se pode recorrer a esse espaço novamente quando achar necessário.

Importante ressaltar que a primeira consulta é o início de um longo caminho. E para se alcançar saúde mental, não existe um único caminho nem um único profissional que possa ajudar. Ou seja, se o cliente não se sentir à vontade para dar continuidade ao tratamento após essa consulta, é importante buscar alternativas. Outros profissionais, outras abordagens ou, principalmente, tentar novamente em outro momento da vida. Tome cuidado para que uma única experiência em consulta psicológica não seja a referência para uma conclusão fechada sobre a Psicologia. Certamente há um/a profissional que, em um certo momento, poderá ajudar.

Outro ponto importante é que esse primeiro contato possibilita desmistificar o trabalho do/a psicólogo/a e motivar a pessoa a conhecer o trabalho. Quebrar essa barreira inicial pode ser difícil, mas certamente abre muitas portas para o autocuidado. 

Os pontos acima são importantes considerações a fazer na hora de agendar consulta para um familiar/amigo. Se ainda restam dúvidas, estamos aqui para esclarecer.

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