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Como a psicologia pode auxiliar pessoas com câncer? Parte I

8/10/21

Outubro é o mês de conscientização sobre o câncer de mama. A campanha Outubro Rosa diz respeito à divulgação sobre a doença, que é uma importante causa de morte de mulheres no mundo. Neste texto, buscaremos mostrar como a psicologia pode auxiliar pessoas com câncer. Continue a leitura!

Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), este movimento internacional alerta para a importância da prevenção, diagnóstico precoce e acesso adequado ao tratamento quando há o diagnóstico da doença, contribuindo para o aumento da possibilidade de cura e diminuição da mortalidade nesta população.

Existem, ao todo, mais de 100 tipos de câncer já identificados. No Brasil, no ano de 2020, houve o diagnóstico de 309.750 novos casos no sexo masculino e 316.280 novos casos no sexo feminino (INCA). Dessa forma, é muito importante que, como sociedade, estejamos preparados para compreender a experiência de pessoas que adoecem para pensar em como apoiá-las ao longo do tratamento. 

Por essa razão, apresentamos aqui alguns aspectos das experiências relacionadas ao adoecimento pelo câncer. Já no mês de novembro, destinado à Campanha Novembro Azul, vamos discutir sobre como a ajuda psicológica durante o adoecimento e tratamento pode contribuir para o bem estar da pessoa com câncer.

É possível prevenir o câncer?

De modo geral, manter hábitos saudáveis de vida contribui para a promoção da saúde e a prevenção de doenças, incluindo o câncer. Manter rotinas de atividade física, cuidados com alimentação, evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, não fumar, ter tempos de descanso e lazer contribuem para a manutenção de uma vida saudável. Em consequência, auxiliam o organismo a combater possíveis agentes causadores de doenças. 

Porém, é importante lembrar que, mesmo tomando todos os cuidados, o câncer é uma doença multifatorial e envolve fatores genéticos, mas principalmente ambientais, que podem não depender de ações de controle individuais (como a exposição a agrotóxicos dos alimentos, agentes químicos em determinados tipos de trabalho). Além disso, não há certeza absoluta do porquê algumas pessoas expostas ao mesmo fator de risco adoecem e outras não. Entende-se que isso se deva justamente pela complexidade da doença e da interação de seus fatores de risco de um modo particular em cada organismo.

Fui diagnosticado/a com câncer, e agora?

Nos casos em que não tenha sido possível evitar a doença, é importante não se sentir culpado por tê-la desenvolvido. Esta pode ser uma afirmação óbvia, mas não é incomum pessoas com câncer relatarem sentimentos de culpa, como se não tivessem cuidado o suficiente de sua saúde ou como se tivessem feito algo de errado que as fez adoecer.

É importante lembrar que, ainda que as pessoas tomem todos os cuidados necessários, não é possível ter garantias de que a doença não irá ocorrer. Para além disso, ainda que as pessoas com câncer não tenham realizado rotinas de autocuidado, ninguém deve ser responsabilizado por uma doença que é multifatorial.

Para pensar a complexidade da questão, podemos considerar uma pessoa que foi fumante durante anos de sua vida e que agora enfrenta um câncer de pulmão (o tabagismo é um fator de risco importante nesses casos). É preciso ter em vista que muitas pessoas começam a fumar sem dar-se conta realmente dos riscos que correm.

Além disso, para muitos idosos de hoje, fumar era sinônimo de status na juventude. É comum então que, na espontaneidade, as pessoas escolham o prazer imediato do cigarro e “deixem para depois” as possíveis consequências dessa escolha. Com isso, não param para refletir criticamente no que aconteceria caso adoecessem e, assim, não se deparando concretamente com essa possibilidade. Ademais, parar de fumar não é tão simples: esta é uma das dependências de substância mais difíceis de tratar. Com certeza muitos fumantes já pensaram e/ou tentaram parar de fumar e não conseguiram.

Podemos pensar assim: se a pessoa tivesse certeza absoluta de que teria câncer, muito provavelmente teria repensado sua escolha. Mas, muitas vezes, considera que pode ser que não adoeça ou, então, que não queira parar para pensar nisso enquanto é fumante. Isso porque deixar de fumar têm também suas implicações físicas e emocionais, exigindo um grande esforço e mudança de hábitos.

Isso não quer dizer, porém, que sendo diagnosticada com câncer, a pessoa não sofra como qualquer outra que nunca fumou, ou como alguém que sempre tomou todos os cuidados com a saúde. Provavelmente, ela terá as mesmas reações ao saber sobre o diagnóstico e precisará ser cuidada como todas as demais.

O câncer pode ter questões emocionais como causa?

Essa é uma pergunta muito frequente, tanto para as pessoas com câncer como para quem de alguma maneira acompanha pessoas doentes. Muitas vezes, o câncer é associado a experiências de mágoas ou perdas importantes, ou a pessoas que com frequência enfrentam sentimentos de raiva. Ou, ainda, a pessoas que têm dificuldade para expressar emoções ou posicionar-se firmemente nas suas relações.

Já dissemos aqui que o câncer é uma doença multifatorial. E sim, fatores emocionais podem contribuir para que as pessoas adoeçam, pois quadros de depressão, ansiedade e estresse, por exemplo, costumam impactar o organismo e interferir, entre outros aspectos, em nosso sistema imunológico.

Contudo, nenhuma questão emocional ou de saúde mental pode ser considerada fator causador, isoladamente, de câncer. Além disso, essa lógica só contribuiu para que as pessoas que adoecem se sintam ainda mais responsáveis pelo seu adoecimento, o que pode gerar sofrimentos ainda maiores.

Por isso, é importante que as pessoas que acompanham alguém com câncer contribuam para o questionamento dessa lógica, evitando sofrimentos adicionais, tendo em vista que a experiência da doença e do tratamento, por si só, pode gerar impactos emocionais consideráveis.

Confira a segunda parte deste texto clicando aqui.

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